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  • Foto do escritorDr. João Lipinsky Nunes

Especialistas Apresentam Plano Para Acabar Com A Mudança Da Hora Através De Fusos Horários Naturais

O Parlamento da União Europeia aprovou o fim das mudanças sazonais do relógio em 2019, mas os Estados-Membros não conseguem decidir como proceder. Agora, um grupo de especialistas de renome propôs um plano de transição que apresenta uma solução fácil e benéfica para todos os Estados-Membros.

 

A Comissão Europeia apresentou em 2018 uma proposta para acabar com as mudanças sazonais da hora, dando aos Estados-Membros a liberdade de decidir o respectiva horário padrão. O Parlamento Europeu também adotou a sua posição em 2019, também apoiando a abolição das mudanças de hora sazonais, medida que visava a sua implementação, o mais tardar, até 2021. Continua nas mãos do Conselho da UE, no qual estão representados todos os Estados-Membros, adotar uma posição final sobre a proposta e aos Estados-Membros decidir sobre a sua hora padrão.


A atual crise energética, aliada às crises de saúde e económicas devido à pandemia COVID-19 e à guerra na Ucrânia, torna ainda mais urgente a decisão sobre a mudança da hora, pois a sua eliminação junto com a observação do fuso horário correto, trás benefícios na saúde, economia e meio ambiente. De acordo com a proposta apresentada, manter a mudança da hora não tem efeitos significativos na poupança energética, tendo vários estudos demonstrado inclusive um aumento no consumo de energia. A análise técnica executada pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P. em 2018 mostra concordância com as observações da proposta para Portugal.


Depois da assinatura da Declaração de Barcelona sobre Política do Tempo (2021), que tem como um dos seus objetivos “Promover o debate entre a comunidade científica e legisladores relevantes sobre o fim da mudança sazonal da hora, estabelecendo a saúde e o bem-estar como principais critérios, respeitando a liberdade individual”, uma comissão de especialistas e activistas foi formada. A comissão inclui reputados cronobiólogos tais como o Professor Till Roenneberg e a Professora Martha Merrow, ambos investigadores da Universidade Ludwig Maximilian em Munique, e o Professor Erik Herzog, investigador da Universidade de Washington em St. Louis, EUA. Inclui também organizações-chave que defendem a observação de fusos horários saudáveis, como a Aliança Internacional Pela Hora Natural, a European Biological Rhythms Society e a European Medical Association.


Neste último ano, a comissão trabalhou com a finalidade de ajudar os Estados-Membros a finalmente tomar essa decisão, elaborando a proposta sobre a implementação de fusos horários permanentes na União Europeia. A proposta envolve alinhar os fusos horários dos diferentes países o mais próximo possível de seu horário solar. Isso significa que cada país terá o fuso horário que melhor reflete sua situação geográfica (semelhante aos fusos horários dos EUA), pois esta é a melhor solução para a saúde, economia, segurança e meio ambiente, sem disrupção do comércio internacional. O mapa de fusos horários proposto encontra-se ilustrado abaixo:

Para este enquadramento de fusos horários ser adotado, os especialistas propõem um plano de dois passos:

  • Passo 1: Todos os países da UE abolem a mudança da hora para o horário de verão na primavera e permanecem no horário que usam no inverno. Para os países cujo fuso horário recomendado é o horário padrão atual, nenhum outro passo é necessário.

  • Passo 2: Os países, cujo fuso horário recomendado não é o seu horário padrão atual, adicionalmente retrocedem o relógio uma hora, pela última vez, no outono, para adotarem o fuso horário recomendado como o seu novo horário padrão. Esses países são: Bélgica, França, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal e Espanha.


Segundo os especialistas, isso deve ser acompanhado de campanhas de consciencialização, assim como de apoio aos setores que serão mais afetados pela mudança, para que se possam adaptar rapidamente à nova situação.

O principal argumento para adotar essa proposta é que os relógios desalinhados aumentam a privação de sono e o jetlag social na maioria da população, que é a principal causa dos significativos efeitos negativos na saúde humana, economia e segurança, como tem sido demonstrado por numerosos investigadores afectos a muitas e diferentes áreas de especialização.

Como afirma Ariadna Güell, co-coordenadora da Barcelona Time Use Initiative e uma das promotoras do grupo:


“Esta proposta é fácil de implementar e vai melhorar a saúde de muitos e economizar energia. Esperamos que esta proposta ajude a desbloquear o debate e leve a uma conversa prática sobre como tornar a abolição da mudanças da hora possível na UE”.

A proposta foi até agora endossada por várias organizações e cientistas, mas comissão prevê que o número continue a aumentar, demonstrando a relevância e necessidade da proposta.

 

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