Sucesso Escolar e Académico
No horário de verão, fazemos o oposto: em vez das 8:30 da manhã, as escolas começam às 7:30 (ver Figura 1), disfarçada pela renomeação artificial da hora, que tem, na melhor das hipóteses, um efeito placebo no relógio interno e, como tal, na nossa sensação de cansaço.
Os adolescentes, nos dias de escola, sofrem de privação substancial do sono [BoPK10, Voll12]. Isso está associado também a acidentes de trânsito, consumo de estimulantes e a notas mais baixas na escola, para além do acréscimo dos riscos de saúde, como aumento do stresse, depressão, anormalidades metabólicas, obesidade, e um do sistema imunitário enfraquecido [Voll12].
Figura 1: A escola e o trabalho começam mais cedo no horário de verão.
O sono é essencial para o Desempenho. Porém, a hora correta para o sono tem um enorme papel [VoRa15], e essa hora depende do cronotipo. Os cronotipos matutinos podem adormecer ao entardecer e acordar de manhã cedo sem despertador. Os cronotipos tardios, por outro lado, têm uma janela de sono mais tardia por razões fisiológicas. A libertação de melatonina e a redução da temperatura corporal, necessárias para o sono, ocorrem mais tarde do que nos tipos matutinos. No entanto, apenas 20% da população são cronotipos matutinos, 20% são cronotipos tardios, e os restantes distribuem-se entre estes dois extremos. A situação é ainda pior para adolescentes e jovens adultos: apenas 8% são matutinos e 35% são cronotipos tardios [VoRa15].
Infelizmente, nossos horários escolares só se alinham com as necessidades biológicas de sono dos poucos cronotipos matutinos. Alunos do 9º ano desenvolvem um déficit diário de sono de 100 minutos nos dias de escola [VoRa15]. Aos fins de semana, eles deitam-se para dormir, em média, 3 horas e 8 minutos mais tarde, o que significa que sofrem mais de 3 horas de jetlag social [VoRa15]. Para cronotipos tardios, o jetlag social chega a ser até mais de 4 horas [Voll12].
Mas não é apenas a privação do sono, mas também o tempo de melhor desempenho e de maior concentração, que depende do cronotipo. Apenas os cronotipos matutinos estão mais atentos durante a manhã do que à tarde. Para os demais, a maioria dos alunos, o desempenho e atenção aumentam ao longo do dia. A sua capacidade de desempenho e concentração são mais altas à tarde do que de manhã cedo. Nos testes de desempenho, os jovens têm um desempenho muito melhor às 13:00 do que às 7:30, que se deve a uma memória de trabalho mais eficaz à tarde (13:00 - 17:00) [VoRa15].
Estudos demonstram que quanto mais tardio é o cronotipo, pior são as notas, tendo o cronotipo um maior impacto do que a duração do sono [ToNR15, VoRa15]. Isso significa que mais importante do que a quantidade de tempo que se dorme é quando se dorme! Estudos com estudantes universitários obtiveram resultados comparáveis aos resultados obtidos com estudantes do 9º ano [VoRa15].
Como o nosso relógio interno é comandado pela luz e principalmente pelo sol (veja também o mito: “Uma pessoa habitua-se”), o horário de verão significa que - medido pelo relógio - as pessoas adormecem mais tarde e acordam mais tarde. Portanto, no horário de verão, criamos indivíduos com sono mais tardios [Bori10, HEGR14, RoKM07]. Isso foi confirmado por um estudo realizado durante um período teste de três anos sucessivos de horário de verão permanente na Rússia (2011 - 2014) [BTPK17]: os cronotipos tornaram-se mais tardios, o jetlag social aumentou, e as notas escolares pioraram - em comparação com o horário de verão sazonal. A introdução subsequente do horário padrão permanente resultou no menor jetlag social e nas melhores notas escolares.
Conclusão:
Com o horário de verão sazonal e, acima de tudo, permanente, sobrecarregamos particularmente a saúde e o desempenho das nossas crianças e dos jovens adultos - os futuros atores-chave da nossa sociedade. Se defendermos a educação, a ciência e o bom trabalho no nosso país, apenas a hora natural (fusos-horários geograficamente adequados), sem mudanças da hora, pode ser uma opção.