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Os efeitos negativos do horário de verão na nossa saúde são cada vez melhor conhecidos e compreendidos. No entanto, muitas vezes são expressas preocupações acerca de potenciais vantagens económicas associadas ao horário de verão que se perderiam caso se alterasse o regime da hora legal presente (horário padrão/ horário de verão) para um horário padrão permanente (conhecido na população como horário de inverno). Nesta secção, mostramos que tais preocupações não são cientificamente sustentadas. Uma análise da literatura disponível mostra o contrário: a mudança para o horário padrão permanentemente não só seria benéfica apenas para a nossa saúde, mas também para a economia.

Os efeitos socioeconómicos associados ao horário de Verão foram comparados sob a forma de estimativas com base na literatura disponível. O intuito é ter uma ideia sobre a ordem de magnitude que estes efeitos têm na economia em geral, usando o regime de hora corrente como padrão (5 meses em horário padrão e 7 meses em horário de Verão).

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Figura 1: Ordem de magnitude do impacto que a variação da hora legal entre horário padrão (UTC:+00:00) e horário de Verão (UTC:+01:00) tem na economia Portuguesa, em termos de produto interno bruto (PIB).

Conclui-se o seguinte:

  • A preocupação da União Europeia de que a escolha individual de fusos horários pelos Estados-membros possa afetar negativamente o comércio de bens e serviços na Zona Euro é infundada. Qualquer escolha dos fusos horários atualmente contemplados pelos Estados-membros teria nenhum ou um ridiculamente baixo impacto económico (entre 0% e 0,005% do comércio total, Figura 1 e 2).

 

  • ​​ A perda de produtividade com horário de Verão é o efeito com maior impacto negativo na economia (Figura 1). Este resulta em perdas na ordem dos milhares de milhão, mais de 1% do PIB português (Figura 2). Os salários também sofrem com o horário de Verão. Estudos estimam que os salários são 3% mais baixos com o horário de verão permanente relativamente ao horário padrão permanente.  

  • Estudos demonstram que os gastos com a saúde aumentam significativamente com o horário de verão (Figura 1), e estima-se que tal contraia a economia na ordem das dezenas a centenas de milhão (Figura 2). Pensa-se que estes gastos estejam presentemente subestimados pois apenas parte dos efeitos do horário de verão na saúde, previstos por especialistas, foram considerados nesses estudos. O aumento da mortalidade e da doença não deve, porém, ser medido apenas do ponto de vista económico.

  • Não há ganhos em energia elétrica significativos associados ao horário de Verão durante o período em que vigora, com a adjuvante de se desconhecer o seu impacto nos restantes 5 meses. Para Portugal, estimou-se recentemente que, a haver um poupança com o horário de Verão, esta seria de 0.02%, o que corresponderia a meros 40,000 euros (Figura 2) [SiCD18, Migu21, Oec:00, Thea00]. Porém, há sinais de que o consumo de combustível aumenta com o horário de verão [Migu21]. Devido também ao horário de verão, há um aumento do número de incêndios florestais, o que, juntamente com o aumento do consumo energético, contribui desnecessariamente para a poluição e destruição ambiental.  

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Figura 2: Balanço financeiro do impacto que diferentes regimes da hora legal tem na economia portuguesa, relativo ao regime em vigor da mudança de hora (UTC+00:00/+01:00).

Conclusão: Do ponto de vista económico, recomenda-se a adopção do fuso horário mais próximo possível da Hora Natural. Das hipóteses presentemente contempladas por Portugal, o horário padrão permanente (Hora da Europa Ocidental, UTC±0) traria já bastantes benefícios económicos face ao regime presente. O horário de Verão permanente, inversamente, aprofundaria a despesa nacional e afectaria o PIB negativamente. A adopção de um fuso horário mais próximo da Hora Natural como UTC-0.5 ou UTC-1  seria provavelmente ainda mais benéfico.

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